domingo, 29 de março de 2009

BDSM falso do programa Troca de Família

O programa Troca de Família, um reality show da Rede Record, apresentou a troca de membros de uma família conservadora (a mãe da família) por uma família supostamente bdsmista. A mãe da família conservadora foi viver com a família "bdsmista", e a "dominadora" foi viver com a família baunilha.
Acontece que a tal família bdsmista é apresentada no programa de forma tão lastimável (como algo meio insano, insalubre, promíscuo, grotesco) que revoltou a coletividade bdsmista séria que - obviamente - não se reconheceu naquela avacalhação.

Em protesto, uma participante da comunidade bdsmista real, escreveu um manifesto de repúdio ao apresentado pelo programa como BDSM, subscrito por muitos, incluindo eu mesma. Transcrevo abaixo o manifesto que explica mais detalhadamente o porque aquilo não é BDSM. A ordem é repassar o documento o máximo que puderem.

E para quem quiser ver o que não é BDSM, segue o link de partes do programa abaixo do texto do manifesto.
Manifesto de repúdio à falsa imagem feita acerca de BDSM (Sadomasoquismo) apresentada no programa “Troca de Família”, da Rede Record.
Antes de qualquer coisa, gostaria de explicitar que não sou a favor da exposição do meio BDSM ( conhecido pelos não conhecedores da sigla como sadomasoquismo somente ) através de que meios for. Entretanto, diante dos fatos me vejo no dever de me manifestar.

Nesta semana, mais especificamente nos dias 24 e 26 de março de 2009, foram ao ar mais dois episódios do notório reality show (Troca de Família) exibido semanalmente pela emissora de televisão, Record. Trata-se de um reality show onde famílias são expostas a uma experiência de troca em rede nacional, com objetivo de alcançarem como premiação a quantia de vinte e cinco mil reais. A troca é feita pelas mães, elas trocam de casa e assim permanecem durante uma semana, experimentando a vida e costumes da casa alheia.

No programa o choque de realidades é sempre muito explorado... Geralmente se vê realidades opostas ou ao menos contrastantes colocadas em teste através da experiência de troca.

Por geralmente não assistir ao programa, não sei dizer se o mesmo tem como estilo o sensacionalismo, ou se um caso à parte ocorreu nesta semana, onde foi exibida a realidade de uma família de sadomasoquistas. Por outro lado, envergonhada, admito que a família supracitada deixou muito a desejar, gerando assim um desfavor para com os adeptos do SM e seus reais valores.

Para todos os efeitos lanço meu repúdio e seguinte manifesto contra uma realidade mostrada de forma totalmente mentirosa e diferente do que realmente é o BDSM (sadomasoquismo).

A principio gostaria de tocar em um ponto que incomodou a mim e a muitos. A pressão que sofreu a mãe da família "convencional" para que participasse das cenas e acontecimentos da família fetichista.

Lastimável tal comportamento e totalmente oposto ao que temos como principio básico em BDSM (sadomasoquismo). A consensualidade é primordialmente respeitada em toda e qualquer relação BDSM, o respeito à opinião e vontade alheia acima de tudo é colocado como limite em SM. Ninguém força, vaia ou pressiona pessoas que não compartilhem deste prazer, a experimentarem, participarem ou sequer entenderem.

O que aconteceu naqueles episódios em relação a isso, nada mais é do que uma prova de que em todos os meios sempre existirão aqueles que andam na contra mão, desvirtuando, banalizando e envergonhando a essência do "todo". Mas como sabemos, são minoria e jamais representarão de fato a realidade do "todo".

Agora tocarei no ponto da higiene que enojou e causou calafrios aos telespectadores, inclusive a mim. Outro dos três principais pilares de BDSM (sadomasoquismo) consiste na noção de segurança. Sabemos que não há possibilidades de atingir 100% de segurança em nada que se faça na vida e em SM não seria diferente. Porém, o mínimo de demonstração de inteligência e responsabilidade que pessoas adultas e sãs podem ter é o cuidado consigo mesmas, com o que fazem, com o que gostam e para com aqueles aos quais querem bem.

Dentro desta noção se inclui a higiene física e condições de vida das quais desfruta uma pessoa. Isto se aplica a tudo e em BDSM ( sadomasoquismo) ganha ainda mais valor e atenção, uma vez que como pessoas maduras e sensatas na maioria das vezes, temos a consciência da extremidade de nossos gostos e consequente necessidade de maiores cuidados.

Aqueles piolhos, o cachorro e suas necessidades fisiológicas em meio a todos, etc e tal, me pareceram uma incrível brincadeira de muito mau gosto... Custo até a acreditar que não tenha sido sensacionalismo armado, porém não lançarei tal palavra uma vez que não tenho nada de concreto a respeito.

Mais uma vez insisto que tal realidade não passou da ilustração de vida de uma minoria, que imagino, isolou-se em sua conduta não condizente com o vivido pelos demais adeptos de SM.

Sem querer me exceder muito tocarei na questão da submissão e valorização desta condição pela parte submissa, em especial. Nos episódios supracitados foram vistas cenas que transmitiam uma noção geral de promiscuidade sem parâmetros, em relação aqueles que se diziam submissos e escravos da dominadora que ausentou-se.

Que espécie de submissão e servidão é essa, que se anula diante da ausência daquela a quem servem e submetem suas vidas, dando lugar ao desejo e busca por uma nova pessoa a quem servirem??? Nossa! Quantos equívocos foram apresentados neste programa!!!

Eu gostaria de deixar claro de um modo breve que em BDSM (sadomasoquismo) geralmente a parte submissa vive e deseja viver sua condição de modo fiel e leal àquele a quem adora e se submete, e por sua vez a parte dominante como direito e prazer, deseja a exclusividade. Desde modo, o que foi mostrado ali, mais uma vez, lamento dizer, não foi condizente com a realidade SM. Mesmo por que, ainda que assim não fosse, não seria um motivo forte o suficiente para abrigar a conduta dos participantes, que não souberam separar as coisas e viram como alvo de seu fetiche e prazer, uma senhora que nada tinha a ver com aquilo tudo e não tinha a menor obrigação de participar.

Em finalização, esclareço que acima nada mais fiz do que tocar em três assuntos muito respeitados e valorizados no meio BDSM (sadomasoquismo).

Me refiro a quando falei de "Sanidade", que possibilita a execução das praticas sadomasoquistas com responsabilidade, consciência e equilíbrio; da "Segurança", que é uma demonstração da sanidade, da preocupação e do zelo pelo bem estar e integridade física dos adeptos de SM e outros envolvidos; e por fim da "Consensualidade", que não foi devidamente mostrada pela família no programa. Estas três noções formam a notória sigla em BDSM: "SSC" ... Vivida e mantida em nossa comunidade como algo essencial.

Registro aqui estes esclarecimentos, em meu nome e em nome daqueles que em BDSM, assim como eu, se envergonharam e lamentaram diante da maneira lastimável e equivocada com a qual o mesmo foi representado.

Escrito em repúdio por Profane Malign _ AN

Apoiado por:

Grupo Nação BDSM
Sr. Algoz Noturno
Lestat D'Ladonia
{rianah}·····Lestat
Domme Morrigan
Labrador _ {DM}
Gata do Senhor Scoth
Domme Cruel
Mestre JB
Gata Selvagem
Rainha Neffer
Escrava lu
ACM
Lady Orquídea
Wal
Alícia
Domme Laura SM.....

domingo, 22 de março de 2009

O espírito do BDSM

Quando há cerca de 3 anos e meio me aproximei da coletividade bdsmista, institucionalizada em listas de discussão, blogs, sites e alguns pontos de encontro das grandes cidades brasileiras, uma das coisas que me surpreendeu foi a recorrência do tema sobre o que seria verdadeiro e falso no BDSM, quem seriam os verdadeiros e falsos Tops e bottoms, qual a medida dos verdadeiros praticantes do meio.

Primeiro, cumpre dizer que essa preocupação advém da banalização das práticas bdsmistas pela mídia, o que as popularizou e atraiu muita gente para a coletividade em busca de sexo fácil, selvagem ou – como se diz popularmente – de uma boa putaria, o que passa ao largo do BDSM real.

Segundo, que os próprios praticantes do meio, ao cotejar suas idéias e práticas, procuram estabelecer um padrão de qualidade para si mesmos e para os outros, parâmetros que, muita gente, contudo, considera uma camisa-de-força capaz de tolher a liberdade individual. Tanto que muitos se insurgem, equivocadamente, contra tentativas de estabelecer até critérios mínimos que permitam aos iniciantes, por exemplo, separar alhos de bugalhos.

Pessoalmente, acho que o que define se alguém é verdadeiramente bdsmista é simplesmente o desejo, desejo por dominar, ser dominado, ou ambos, excitação e realização sexual em torno de objetos e situações inusitadas aos olhos da normalidade.

Muito além das práticas exóticas, contudo, que inclusive são realizadas por quem não é bdsmista, nos casos mais light, o que diferencia mesmo o bdsmista do não-bdsmista é a aderência a relações verticais, hierarquizadas, onde sempre existe um(a) Top(agente) e um(a) bottom (paciente) nas inteirações entre os pares, onde alguém sempre dirige a relação e o outro alguém é dirigido, onde alguém sempre manda e outro alguém obedece, onde alguém serve e o outro alguém é servido.

Mesmo quem é switch (tem desejo tanto de dominar quanto de ser dominad@) vai assumir um papel ou outro, mas sempre em separado, em diferentes situações, em diferentes relações. Numa mesma situação (cena), a mistura de papéis não é bem vista, se bem que existam os que questionem essa regra.

Outra medida de verdadeiro é a adesão do praticante à santíssima trindade do BDSM, o princípio do são, seguro e consensual (SSC), implicando que, sejam quais forem as atividades envolvidas numa relação, tudo deve ser de inteiro acordo entre as partes e procurando preservar a saúde física e emocional de tod@s. BDSM não é violência, não é feito contra alguém, é feito com alguém visando ao prazer mútuo dos envolvidos na relação, mesmo quando as práticas são agressivas, causam dor e até deixam marcas. O que é de gosto é o regalo da vida, como diz o ditado.

Fora isso, essa questão de falso e verdadeiro se aplica mais às pessoas como seres humanos e não a seus papéis de Tops ou bottoms e não é muito diferente do que ocorre no mundo baunilha. Orientação sexual ou preferências sexuais não definem o caráter de ninguém, tanto faz se homem, mulher, trans, hetero, homo, bi, pan, baunilha, bdsmista, etcetera.

Separar o joio do trigo não é tarefa fácil, e às vezes a gente se engana, mas, principalmente no BDSM, trata-se de tarefa fundamental.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Algolagnia (2006)

Documentário sobre práticas de BDSM no Rio de Janeiro, a partir de depoimentos de 12 praticantes destas preferências sexuais, dirigido por Túlio Bambino, vencedor do I For Rainbow - Festival de Cinema da Diversidade Sexual, realizado em 2007, em Fortaleza.

sexta-feira, 13 de março de 2009

BDSM: o que significa?

Blog ou site que fale de BDSM e não traduza o acrônimo BDSM não é site ou blog que se preze. Não fugirei à regra portanto, inclusive porque lésbicas interessadas nas artes bdsmistas já me informaram querer aprender sobre o assunto.

O termo BDSM tem múltiplos significados: Bondage, Bondage & Discipline, Domination & Submission, Sadism & Masochism, na tradução, Amarração (B), Imobilização e Disciplina (BD), Dominação e Submissão (D/s) e Sadismo e Masoquismo ou sadomasoquismo (S/M, S&M, SM). Em geral, não se traduz bondage para o português, utilizando-se o termo no original.

A literatura internacional sobre o tema informa que, a princípio, todas as subdivisões estavam agrupadas sob a sigla SM, mas que as pessoas, engajadas nas diferentes práticas dessas subdivisões, acabaram reivindicando a evidenciação de suas especificidades porque não queriam se ver associadas às práticas violentas e abusivas, praticadas por pervertidos e psicos, como os de fora do meio equivocadamente costumam rotular o SM.

Na verdade, foi uma estratégia da comunidade internacional para tornar as práticas BDSM mais palatáveis ao paladar baunilha (não-praticantes de bdsm) e lhes tirar um pouco a pecha de anormalidade. Nem todos veem essa estratégia com bons olhos e preferem se identificar como sadomasoquistas simplesmente, mas a maioria aderiu à nova sigla que obteve de fato mais sucesso fora do meio. Na realidade, em geral, todos os praticantes de BDSM utilizam um pouco das diferentes práticas, variando apenas o grau de envolvimento em uma ou outra. E os próprios baunilhas também se apropriaram das atividades mais light do gênero para apimentar seus relacionamentos.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Alice Braga experimenta prazeres bdsm em 11 minutos

Onze Minutos é mais um dos romances de Paulo Coelho que vira roteiro de filme sob a direção de Hany Abu-Assad, de Paradise Now.

Trata-se da história de uma brasileira (Alice Braga) enganada por seu primeiro amor que se torna prostituta em um clube da alta sociedade em Genebra, administrado pelo personagem vivido pelo ator Mickey Rourke (de 9 semanas e meia de amor e o Lutador). O ator Vicent Cassel será um executivo musical que convence a brasileira a experimentar os prazeres do sadomasoquismo.

Outro nome cogitado para o elenco é o galã italiano Riccardo Scamarcio. O roteiro foi adaptado por Abu-Assad e o brasileiro Marcos Bernstein. As filmagens acontecerão no Brasil e em Genebra, na Suíça, a partir de 1º de junho.

Abaixo trechinho de 9 semanas e meia com Rourke (quando era bonito) e Kim Basinger para matar as saudades ao som de Slave to Love