terça-feira, 6 de abril de 2010

Apresentando o BDSM para sua namorada!




















Atenção: o texto abaixo é dirigido a casais de mulheres, mas pode perfeitamente ser adaptado para casais de homens e de  mulheres e homens que desejam se iniciar em BDSM. 

Então você tem uma namorada maravilhosa em muitos sentidos, e o sexo entre vocês é bom, mas você tem umas fantasias que supõe serem muito fora do comum embora lhe excitem terrivelmente. Soube que a prática dessas fantasias atende pelo nome de BDSM (Bondage, Discipline/Domination, Sadomasoquismo) e gostaria muito de experimentar algumas com sua parceira, mas não tem coragem de falar com ela sobre o assunto. E se ela (ou ele) considera o BDSM inaceitável? E se a revelação de suas fantasias afastá-la? Muitas dúvidas surgem e muitas pessoas, por medo, não ousam ir adiante em busca do prazer. Mas eu encorajaria você a vencer o medo e a pelo menos tentar conversar com sua parceira. Cito algumas estatísticas que podem lhe dar mais confiança.

Algumas estatísticas interessantes sobre BDSM
Ao contrário do que se imagina, amarrações e um pouco de dor são muito comuns nas camas de todo o mundo. Várias pesquisas mostram que até 15% da população mantêm práticas BDSM regularmente e quase 50% das pessoas reage eroticamente a algum estímulo doloroso. Então, há chances de sua parceira ter tanto interesse no assunto quanto você.
Mas e como falar?

Ok, tem muita mais gente que gosta de BDSM do que sonhavam as vãs filosofias moralistas, mas como eu começo a conversar sobre o tema com minha parceira? Simples: apenas comece a conversar sobre sexo. Se não está acostumada a falar sobre as coisas que lhe excitam, torne isso um hábito.

Faça uma lista das fantasias que gostaria de experimentar, bem simples a princípio, e deixe sua parceira escolher aquelas que mais a excitam também. Ou peça para sua parceira fazer uma lista das fantasias dela para que você escolha as que vocês têm em comum. Você não imagina como, algumas vezes, as pessoas que pensamos que conhecemos nos surpreendem.

Não vá tentando tudo de uma vez. Tá certo que aquela cena de spanking com bondage numa nave espacial é muito tesuda, mas tente se concentrar em uma ou duas coisas que você mais deseje. Fantasias muito elaboradas podem esperar.

Palavras de segurança (safe words)
Palavras de segurança em BDSM são aqueles termos que as partes estabelecem antes de uma sessão. Elas servem para interromper ou diminuir a intensidade de uma determinada prática. Isso porque, em cena, gritos de “pare” ou “não” podem querer dizer exatamente o oposto do que significam normalmente, então melhor escolher palavras que não são comumente usadas em sessões. Mercy (piedade em inglês) já e um clichê do meio BDSM, que vocês podem emprestar, mas nada impede que você e sua parceira inventem outras que lhes sejam mais significativas.

Partindo para ação
Então foi melhor do que você imaginava, e sua namorada, parceira (whatever), também gosta de experimentar novidades na cama. Agora só resta partir para a ação. Vamos começar por duas das práticas mais comuns em BDSM, seguindo o lema do devagar e sempre.

Bondage (Amarrações)  Inicie devagar, com algo bem leve. Esqueça aquelas imensas construções de metal e a cruz de Santo André que você viu em vídeos dos sites do gênero. Não quer apavorar sua amada, não? Para começar, tente amarrá-la com uma echarpe ou uma corda de algodão, mas não use echarpe ou meias de seda, pois elas são muito finas e podem prender a circulação. Depois você pode comprar similares de algemas em uma sex shop.

Amarre sua parceira na cabeceira da cama, em uma cadeira, ou simplesmente prenda as mãos dela atrás das costas. Tenha em mente que a intenção é provocar restrição de movimentos, o que excita muita gente, mas não desconforto exagerado. Em seguida, solte a imaginação, coloque uma venda nos olhos dela, alterne entre estímulos dolorosos e prazerosos, surpreenda-a com atividades diferenciadas, mas nunca esqueça os limites acordados.

Spanking (entre tapas e beijos)
Spanking significa dar palmadas em inglês. Como spanking é mais sintético e brasileiros adoram usar termos em inglês, não se costuma traduzir a palavra. No entanto, spanking também é usada na acepção de chicotear, igualmente empregada no âmbito erótico. Abaixo algumas dicas de spanking nas duas acepções.

Spanking (Dar palmadas)  Para começar, você pode utilizar suas próprias mãos para fazer um spanking leve, mas não menos prazeroso. Coloque sua parceira sobre seus joelhos e dê palmadas em suas nádegas ou amarre as mãos dela, na cabeceira da cama, e lhe dê um tapa no rosto de leve. Não exagere nem tenha pressa. Dê palmadas leves a princípio, observando a reação dela. Se for positiva, se notar que ela se excita com os tapas, aumente a intensidade e a velocidade dos mesmos. Você precisa perceber os limites à dor de sua parceira baseando-se nas reações dela tanto verbais quanto não verbais.

Spanking (chicotear)

Posteriormente, caso ambas se tornem apreciadoras de spanking, podem tentar algo mais hard. Podem começar a usar cintos, floggers e chicotes. Em sex shops, ou casas especializadas bdsm, é possível adquirir esses instrumentos sem maiores embaraços.









Melhor começar com os floggers nesta nova fase. Floggers têm várias tiras (as mais indicadas para começo são as mais largas) feitas de couro ou camurça macios. Teste em si própria, em suas mãos ou pernas por exemplo, para sentir a sensação do material em sua pele. Bom mostrar o flogger para sua parceira antes da sessão a fim de não assustá-la. Lembre que esses cuidados visam deixar sua parceira à vontade e a acostumá-la com as práticas BDSM.

Como no spanking com as mãos, comece de leve, sem pressa, e com cuidado. Bata nas nádegas de preferência, no dorso, nas pernas, mas nunca na cabeça, na região dos rins, no rosto, etc. Mesmo usando apenas o flogger, que é relativamente leve, convém buscar mais informações sobre técnicas de uso de chicotes para se desenvolver nessa prática. Lembrando sempre que, em BDSM, prazer e dor dialogam, mas devem sempre ser mediados pelo consenso e pela preocupação com a saúde dos envolvidos. Senão, pode-se passar do erotismo para a patologia.

Observações finais
Acima falamos sobre como você pode dar os primeiros passos, com sua parceira, no mundo BDSM. Vamos agora resumi-los.
• Faça uma lista das fantasias que gostaria de por em prática com sua namorada.
• Mostre a lista para ela e escolha as práticas que mais excitam a ambas.
• Estabeleça palavras de segurança que servirão para diminuir a intensidade de uma determinada prática ou para interrompê-la.
• Se achar necessário, compre o equipamento que ambas apreciem para implementar suas práticas.
• Comece devagar e de leve, observando as reações de sua parceira, e vá aumentando a intensidade de suas ações, se o retorno for positivo.

Papéis e cenários em BDSM

Neste texto, abordamos como você pode introduzir práticas BDSM em sua relação com sua namorada a fim de incrementar o gozo mútuo. Falamos apenas de duas das práticas mais comuns em BDSM que são o bondage e o spanking. Existem inúmeras outras práticas em BDSM, sem falar que o bondage, sobretudo na versão japonesa, o shibari, apresenta inúmeras variações de nós e amarrações verdadeiramente artísticos, cuja abordagem foge ao objetivo desse artigo, apenas introdutório.




















Agora, independente das práticas, é fundamental abordar o que chamamos de espírito do BDSM, aquilo que de fato identifica uma relação BDSM como tal, ou seja, os papéis desempenhados pelos pares. Você pode começar a adotar várias das práticas geralmente definidas como BDSM, pela maioria das pessoas, mas, se em sua relação, elas não vierem acompanhadas dos papéis de Top e bottom, elas não poderão realmente ser definidas como BDSM. Numa cena BDSM, sempre tem que haver um(a) Top e um(a) bottom, alguém que é agente e outro que é paciente, alguém que manda e alguém que obedece, alguém que domina e alguém que se submete a esse domínio.

Você e sua namorada podem até gostar de ambos os papéis e intercambiá-los mas em diferentes sessões. Troca de papéis, numa mesma sessão, não é pecado, nem ninguém vai impedi-la de praticar do jeito que quiser, mas decididamente não é BDSM. O que de fato caracteriza o BDSM, para lá das práticas, é a relação vertical, a posição vertical (daí Top e bottom, no alto e embaixo) em qualquer interação erótica. Naturalmente, fora das sessões, a questão é outra, a não ser que ambas decidam o contrário.

Vale também mencionar o cuidado que se deve ter com o cenário, com o ambiente, com o desempenho. O BDSM busca exacerbar os sentidos, então, velas, aromas, as roupas dos pares, o trato com os instrumentos, tudo tem que ser bem feito, ensaiado até mesmo. Claro, você está brincando, dando asas a imaginação, mas não pode ser de qualquer jeito, negligentemente. BDSM é brincadeira de gente grande levada a sério. Lembre-se que os melhores atores são aqueles que vivem seus personagens em vez de simplesmente representá-los. E muito prazer.

Fonte: o texto acima foi parcialmente baseado no artigo Introducing BDSM to your partner de John Tyros.
Segue abaixo vídeo, com uma pequena cena como sugestão de prática. Espero que apreciem.


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